Análise: AFI - Crash Love (2009)


Foi com alguma expectativa que recebemos o último álbum dos americanos AFI – A Fire Inside. Depois do absolutamente espectacular “Sing The Sorrow” e do interessante “Decemberunderground” estávamos curiosos com o que faria a banda de Davey Havok cuja sonoridade assenta algures entre o Punk Rock, o Rock Alternativo e o Emocore.
E devemos admitir que quando ouvimos “Crash Love” pela primeira vez sentimos uma certa desilusão. As músicas não conseguiram entusiasmar-nos como esperávamos.

Porém, quando o ouvimos uma segunda vez já encontrámos detalhes que gostámos e quando ouvimos uma terceira, uma quarta e uma quinta vez, ainda gostámos mais. Isto leva-nos a uma forte característica presente no álbum: as músicas não têm a capacidade de serem “orelhudas” como eram as canções de “Sing The Sorrow” ou “Decemberunderground”. Não que sejam músicas difícieis de escutar porque os AFI continuam a procurar conquistar uma audiência mainstream ; o que acontece é que, inicialmente, as 14 músicas que compõem “Crash Love” pareciam ser músicas que entravam a 100 e saiam a 200, ou seja, que simplesmente não ficavam no ouvido por não terem nada de muito bom ou de muito mau.

Mas percebemos depois que isso não é verdade. Porque de facto, e se a audição for atenta aos pormenores, encontramos imensas coisas interessantes neste álbum tal como uma boa e dinâmica secção rítmica, uma sonoridade bem produzida e intercalada entre os momentos mais fortes e os mais suaves e um excelente trabalho de vozes por parte de Davey Havok.

E este é um ponto crítico na sonoridade desta banda. A voz do vocalista é tão específica e singular que ou se adora ou se detesta. Parece não haver meio termo. Aqui no Rock Ends Rolling tendemos a adorar os agudos de Davey mas ficam avisados os leitores que não conheçam a banda, que decerto não ficarão indiferentes aos sons emitidos por Davey Havok, dadas as suas características únicas.

As músicas presentes no álbum talvez não tenham a força das de “Sing The Sorrow” ou não sejam tão mainstream como os singles de “Decemberunderground” mas são, contudo, boas músicas. Parece-nos que o colectivo não arriscou tanto na produção de novo material fazendo, por isso, músicas que são fáceis de ouvir, que são bem construídas mas que não são tão fortes.

É talvez este o principal ponto negativo que encontramos. As músicas no geral, acabam por ser um pouco "mornas" o que não era costume em AFI pois esta sempre foi uma banda que dividiu opiniões, tendo pessoas que os adoravam e pessoas que os detestavam. Talvez este seja o álbum do consenso, duma procura de normalidade sem descurar, claro está, o passado musical do colectivo.

Não é o melhor álbum dos AFI mas é um bom álbum. Quem gostou dos últimos dois da banda pode não gostar deste numa primeira audição mas, assim que oiça e conheça melhor o álbum vai, certamente, encontrar nele bons momentos musicais. Uma nota final para dizer que mais uma vez, as letras das músicas são interessantes.

Destacamos ainda a excelente e viciante “Veronica Sawyer Smokes”; “Cold Hands” e “I Am Trying Very Hard To Be Here”.

Um álbum e uma banda que deverão ser ouvidos por todos os que pretendem algo novo dentro do universo do Rock.


Tracklist:
1. Torch Song
2. Beautiful Thieves
3. End Transmission
4. Too Shy To Scream
5. Veronica Sawyer Smokes
6. Okay, I Feel Better Now
7. Medicate
8. I Am Trying Very Hard To Be Here
9. Sacrilege
10. Darling, I Want To Destroy You
11. Cold Hands
12. It Was Mine

Músicas em Destaque:
Veronica Sawyer Smokes;
Cold Hands;
I Am Trying Very Hard To Be Here;

Nota Final (1/20):
15

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