Análise: Muse - The Resistance (2009)


“The Resistance” é o quinto álbum de originais dos Muse. Depois de um sucesso que facilmente os catapultou para uma audiência mainstream com “Black Holes and Revelations”, os Muse regressam para nos presentearem com aquele que é, para nós, o álbum mais metódico e, consequentemente, mais bem conseguido do colectivo.

Neste “The Resistance” reparamos que Matt Bellamy e companhia estão perfeitamente cientes do caminho para onde querem ir e este trabalho vem acentuar aquilo que a banda já pretendia fazer desde “Absolution”, em 2003: Um álbum épico e megalómano. Sem dúvida que os Muse alcançaram este feito. Num álbum carregado de influências, são os Queen que sobressaem mais em músicas como “United States of Eurasia” ou na faixa “The Resistance”.

A variedade presente é mais que muita. A musicalidade do trio tem desde um som industrial - como em “Uprising” - passando por músicas que são guiadas pelo piano e acabando numa sinfonia dividida em 3 faixas. Existe ainda espaço para a introdução de partes de outras peças clássicas como uma parte da Opus 9 de Chopin que é utilizada na “United States Of Eurasia" e a Ária de Sansão e Dalila que aparece em "I Belong To You".

Uma das bandeiras deste álbum é a sinfonia que aparece no final do álbum com o nome de Exogenesis. Começando por abordar esta mesma, e se calhar indo em sentido contrário a todas as análises que virem a esta música, para nós esta Exogenesis acaba por desiludir. E não o dizemos pela música não estar coerentemente construída mas antes pelo facto de, em primeiro lugar, não entendermos porque é que foi dividida em 3 faixas diferentes se ela é uma só. Parece-nos que tal decisão foi despropositada e um mero golpe de Marketing para nos fazer crer que o álbum é maior do que aquilo que realmente é. Além disso achamos que é um pouco repetitiva embora encontremos nela interessantes pormenores.

Contudo, bem mais dignos de culto são, para nós, os épicos “United States Of Eurasia” e “I Belong To You” que, tal como já referido, inclui uma versão do clássico “Mon Coeur S’Oeuvre A Ta Voix” que é uma ária da opera Sansão e Dalila com arranjos e variações absolutamente geniais – até há espaço para um solo de clarinete a meio da música. Estas são pois as duas faixas mais fortes do álbum embora existam outros tantos bons momentos espalhados por todo o álbum.

Os Muse não podiam estar mais maduros do que neste trabalho. Já não fazem música para agradar à pequena franja de fãs de música underground que começaram por conquistar com o primeiro álbum “Showbiz”. Já foram para além disso. Neste momento, e com “The Resistance”, os Muse fazem música para o Mundo. Mantendo, claro está, as suas influências – e neste álbum isso está mais visível que nunca – mas usando a música para chegar a mais pessoas.

E isto remete-nos também para o lado lírico do álbum. As letras do multifacetado Matt Bellamy já não têm a ingenuidade das primeiras músicas do colectivo. Aqui, e o próprio nome do álbum nos impele logo para uma Resistência com cariz político, Matt demonstra o lado menos positivo do mundo através da miríade de opressão que os governos utilizam nas sociedades do nosso tempo recorrendo para isso aos mais variados mecanismos como a guerra, a censura a quem pensa de forma diferente, os meios de comunicação que culturalizam a sociedade exactamente da forma que os Governos pretendem, entre outros temas. Matt apela a uma necessidade de mudança em letras que demonstram que não está apático face a questões políticas como já o tinha feito com “Take a Bow” e “Knights Of Cydonia” de “Black Holes and Revelations”.

The Resistance é mesmo um daqueles álbuns que se tem de ter. As músicas, arranjos e melodias estão conseguidos a um nível de qualidade muito superior. Os valores veiculados através das letras deverão ser escutados e todo o brilhantismo que os Muse sempre demonstraram, consegue aqui alcançar o patamar mais alto até à data.

Não há volta a dar: Obrigatório!

Tracklist:
1. Uprising
2. Resistance
3. Undisclosed Desires
4. United States Of Eurasia [+Collateral Damage]
5. Guiding Light
6. Unnatural Selection
7. MK Ultra
8. I Belong To You [+Mon Coeur S'Ouvre A Ta Voix]
9. Exogenesis: Symphony Part 1 [Overture]
10. Exogenesis: Symphony Part 2 [Cross-pollination]
11. Exogenesis: Symphony Part 3 [Redemption]

Músicas em Destaque:
United States Of Eurasia [+Collateral Damage];
I Belong To You [+Mon Coeur S'Ouvre A Ta Voix];
Guiding Light;
Unnatural Selection;
Resistance;
Uprising;

Nota Final (1/20):
18

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