Análise: Dave Matthews Band - Big Whiskey and the GrooGrux King (2009)


A primeira conclusão com que nos deparamos quando ouvimos Dave Matthews Band, especialmente este “Big Whiskey and the GrooGrux King” que foi especialmente marcado por ser o primeiro lançamento da banda a seguir ao desaparecimento do brilhante saxofonista LeRoi Moore, é que DMB não é propriamente uma banda comum de rockstars posers mas antes, um grupo constituído por homens comuns que, só por acaso(!), fazem parte duma grande banda que tem trilhado o seu próprio caminho de uma forma singular recebendo um comum respeito e admiração por parte da crítica e público mundial.

“Big Whiskey and the GrooGrux King” é mais um álbum coeso onde a banda tentou dar um passo em frente recriando e introduzindo inúmeras influências musicais. Isso originou claramente um enriquecimento de toda a sonoridade.

Todas as músicas – sem excepção – são extremamente ricas no que diz respeito à qualidade e quantidade de arranjos. É pois uma música muito instrumental com muitas e bem conseguidas melodias que se sobrepõem mutuamente com uma coerente harmonia. Isto faz-nos afirmar que, tecnicamente falando, a DMB está entre as bandas mais capazes da actualidade. Nem tudo são rosas, porém.

Ficamos com a impressão que em várias músicas a parte instrumental e a parte da voz não caminham alinhavadas. Muitas vezes notamos que Dave se deixa levar pelas suas deambulações líricas e esquece a melodia básica da música, como sucede, por exemplo, em “Spaceman” ou em “Time Bomb”.

Outra coisa com que temos alguma dificuldade em lidar é a capacidade vocal de Dave. Quando a sua voz é mais áspera e utiliza uma tónica mais grave, ficamos muito agradados com a mesma. Porém, quando Dave canta com tónicas mais agudas como em “Squirm” ou em “Lying In The Hands Of God”, acaba por demonstrar uma fraqueza em vez dum ponto forte, pois a sua voz não tem muita força e soa mais débil quando utilizada em tons agudos. O ponto forte de Dave é, sem dúvida, um tom mais grave e maduro.

E talvez seja por isso que adoramos a brilhante “Shake Me Like A Monkey” – a melhor do álbum para nós - que rapidamente avança para uma excelente secção rítmica de bateria e baixo muito bem intrincada com a secção de metais da banda. A voz de Dave aqui é áspera e incisiva apelando a uma sexualidade subentendida. Uma outra música que destacamos é a excelente “Dive In” onde a brilhante letra e a forma como o refrão é aberto tornam-na numa música memorável. Destacamos também a primeira faixa “Grux” que é um solo de Saxofone e funciona, certamente, como uma merecida homenagem a LeRoi Moore.

Por fim, resta-nos situar DMB como fieis parentes musicais de Bruce Springsteen e da E Street Band. São mais que muitas as semelhanças entre ambas as sonoridades: desde a voz bastante grave e masculina de Dave, que várias vezes nos remete para o Boss, até à capacidade multi-facetada da própria banda em criar uma sonoridade algures entre o folk rock com influências de blues e funk.

E tal como a E Street Band, também a DMB nos leva por paisagens musicais complexamente carregadas e ricas, portanto, podemos dizer que as influências - voluntárias ou involuntárias - são mais que muitas. Até as próprias temáticas das letras das músicas que remetem para os problemas reais e mundanos do mundo actual onde vivemos com uma pitada de sarcasmo audaz, nos permitem encontrar semelhanças entre os dois colectivos.
Como é óbvio, só podemos respeitar e enaltecer esta característica da DMB pois o trabalho de Bruce Springsteen é fonte de uma inspiração e qualidade inquestionáveis.

“Big Whiskey and the GrooGrux King” é pois um álbum e uma banda que deverão estar na tua prateleira. Recomendamos.

Tracklist:
1. Grux
2. Shake Me Like A Monkey
3. Funny The Way It Is
4. Lying In The Hands Of God
5. Why I Am
6. Dive In
7. Spaceman
8. Squirm
9. Alligator Pie
10. Seven
11. Time Bomb
12. Baby Blue
13. You & Me

Músicas em Destaque:
Shake Me Like A Monkey;
Dive In;
Funny The Way It Is
You & Me

Nota Final (1/20):
16

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