Análise: The Killers - Hot Fuss (2004)


Las Vegas, 2002. É certo e sabido (e igualmente questionável) que o século XXI ainda não viu nascer uma daquelas bandas que ficará para a história como marco do seu tempo. The Killers não é ainda essa banda, mas tem a ambição de o ser e a qualidade para tal.

Para iniciar a análise a este álbum, podemos agora lançar um repto. O que é que The Killers e os Oasis têm em comum? Bem, à partida muito pouco, mas foi o gosto pelos Oasis que uniu Brandon Flowes, na altura porteiro de um Hotel-Casino em Las Vegas e actual vocalista da banda, e Dave Keuning, actual guitarrista. No nascimento dos The Killers, juntamente com Dell Stir no baixo e Matt Noezoss na bateria (que acabaram por ser substituídos por Mark Stroermer e Ronnie Vannucci respectivamente) não se sabia ao certo que som iria sair, mas sabiam já que queriam ser grandes como os Rolling Stones, os Beatles ou os New Order (aliás, o nome The Killers tem a sua origem num videoclip dos New Order - Crystal) e, acima de tudo, fazer boa música.

Definir The Killers não é propriamente uma tarefa fácil, não se trata de uma banda pop, embora consigam ter e transmitir o carisma de uma banda pop. Não se trata de uma banda de puro Rock, pois convenhamos que isso nos dias de hoje é difícil de encontrar. Contudo, esta é uma banda que aparece e é classificada num estilo de rock alternativo. A partir daí, todo o ecletismo que possam transparecer, através dos sintetizadores e das teclas, compõe a parte alternativa do seu rock. Mas os críticos não ficaram por aqui. Aliás, The Killers foram encaixados em estilos como New Wave, Pop Alternativo, Dance Rock e decerto que em muitos mais. Assim o é quando uma banda desafia os conceitos pré-definidos na indústria musical.

Hot Fuss é o debut album da banda. Aparece em 2004 com a produção a cargo de Jeff Saltzman e da própria banda. Quando o álbum estreou, muitas foram as comparações – como é prática comum quando uma banda aparece no meio do nada e tem um sucesso estrondoso – com bandas dos anos 80 como The Cure, Duran Duran, New Order. Pensa-se que essa comparação pode advir do cunho dançável que colocaram no seu Rock. Basta ouvirmos Somebody Told Me para sermos transportados imediatamente para uma pista de dança.

Somebody Told Me, Mr. Brightside, Smile like you mean it, All these things that I’ve done, são a amostra de Hot Fuss, tornando-se um sucesso imediato.
Mas não são só os sintetizadores, as teclas ou o estilo das guitarras que caracterizam o estilo da banda. Existe outro instrumento muito particular que faz com que toda a sonoridade da banda ganhe uma dimensão e uma intensidade extra; esse instrumento é a voz de Brandon Flowers. O seu tom e o seu timbre, a sua colocação que parece ser propositadamente desafinada em certas partes musicais, a sua intensidade, elevam a música de The Killers a um outro patamar, a um patamar quase de sofrimento. E é isso que Brandon Flowers nos consegue transmitir numa canção através deste instrumento tão particular e inigualável, a intensidade e o sofrimento que pode haver numa simples canção.

Hot Fuss é um debut album repleto de boas canções, de um estilo musical que tende a ser inovador e, em Hot Fuss, estamos no início de uma banda que se irá transformar (e que já se transformou) numa das grandes bandas da actualidade.
Este álbum poderia aparecer com o de uma banda “one hit wonder”, mas Sam’s Town, o segundo álbum de originais, veio provar exactamente o contrário.

Para terminar, é pena que muitas vezes uma banda seja conotada somente consoante a escolha de determinados singles, como aconteceu com Human. Com a escolha deste single para a promoção do seu 3º álbum de originais, The Killers ficaram definidos para muitos como a banda de Human. Mas são muito mais do que isso, basta darem uma “espreitadela” a Hot Fuss.

Análise efectuada por Inês Ventura.

Tracklist:
1. Jenny Was A Friend of Mine
2. Mr. Brightside
3. Smile Like You Mean It
4. Somebody Told Me
5. All These Things That I've Done
6. Andy, You're a Star
7. On Top
8. Change Your Mind
9. Believe Me Natalie
10. Midnight Show
11. Everything Will Be Alright

Músicas em destaque:
Mr. Brightside;
Somebody Told Me,
All These Things That I’ve Done

Nota Final (1/20):
18

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